23 de janeiro de 2012

Misticismo e Ortodoxia “ESPÍRITAS”


Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará. 
[A Gênese, Cap. I, item 5 – Allan Kardec]

Allan Kardec e os Espíritos Superiores fizeram com a Codificação Espírita, um trabalho inigualável. Eles construíram com apenas 05 obras básicas, o alicerce inabalável da descoberta da Verdade, e, qualquer que seja o tema, é possível encontrar nessas obras, alguma referência direta, ou indiretamente através de material moral para ponderar a respeito. Em outras palavras, nem tudo foi dito, mas tudo pode ser analisado com as informações contidas na Codificação. 
Não foi a toa que o Codificador deixou claro o caráter progressista da Doutrina dos Espíritos, ao explicar, em A Gênese, que o Espiritismo não será ultrapassado, pois caminha de par com o progresso. 
Infelizmente, como somos ainda imperfeitos, essa afirmação provoca um processo de extremos no Movimento Espírita (MOVESP), e como todo extremo, a falta de equilíbrio causa prejuízos ao nome do Espiritismo; afinal, um e outro são distintos, enquanto o Movesp é o modo como interagem os espíritas na prática administrativa da realidade espírita, o Espiritismo é rota filosófico-moral que seguem os espiritistas.
Quando Allan Kardec fez a assertiva acima mencionada, sua intenção era esclarecer que a Verdade e o Conhecimento surgem paulatinamente, conforme a humanidade torna-se apta a compreendê-las, seja por seu amadurecimento moral, seja pela ampliação de sua capacidade intelectual; e considerando que nos desenvolvemos constantemente em ambos os aspectos, não se pode limitar o Espiritismo do século XIX a um futuro sem progresso.
Embora essa afirmação, de modo algum o Espiritismo está ultrapassado. Nunca foram tão atuais as informações lá contidas, no entanto, o princípio da literalidade tornou-se verdadeiro verdugo do uso da razão estimulada pelo Espiritismo.
Para uns, pela compreensão literal do caráter progressista da doutrina, a crença é absorver qualquer novo conhecimento, criar uma miscigenação espírita que vivifique o que foi “ultrapassado” na palavra de Kardec, tentando incorporar ao Espiritismo terapias alternativas, metodologias suspeitas e conteúdos duvidosos de autoria e prática de pretensos “espíritas”. A empolgação surge como pano de fundo nas novidades ‘neo-espíritas’.
Para outros, a compreensão literal de que estando fora da Codificação e sem ter passado pelo CUEE (Controle Universal do Ensino dos Espíritos) não é Espiritismo, barra completamente toda possibilidade de progresso, pois tudo o que não se menciona com todas as letras nas Obras Básicas, deve ser rejeitado completamente, e isso inclui obras sérias que subsidiam a Codificação, como as de Francisco Cândido Xavier.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, diz o ditado popular. O equilíbrio é o pai do sucesso, e todo extremo lhe corrompe as melhores intenções. Quando o Espiritismo fala de progresso, uma vez que não surgiu ainda no Movimento Espírita outra pessoa com a competência analítica de Kardec, estamos falando do desenvolvimento do PENSAMENTO ESPÍRITA, que nos torna mais aptos a análises críticas sem adulterar-lhe a estrutura – coluna mestra do Espiritismo – que é a Codificação.
Mas num extremo, o MISTICISMO, o qual se embrenha perigosamente no Movesp, mistura-se nos lábios dos mais empolgados ao nome Espiritismo, numa devoção exagerada e tendência a acreditar no sobrenatural, a apegar-se a ritos disfarçados de métodos e justificando como ‘ordens de mentores’, a inserção de aplicações não espíritas nos Centros. É assim que vemos CE’s aplicando radiestesia, cromoterapia, fitoterapia, cristalterapia, apometria, entre outras “ias” que foram criadas como alternativas de tratamento físico e espiritual.

“A Doutrina Espírita centraliza-se no amor e todas essas práticas novas, das mentalizações, das correntes mento-magnéticas, psico-telérgicas para nós espíritas merecem todo respeito, mas não tem nada a ver com Espiritismo. Seria o mesmo que as práticas da Terapia de Existências Passadas nós as realizarmos dentro da casa espírita, ou da cromoterapia ou da cristalterapia, fugindo totalmente da nossa finalidade. A Casa Espírita não é uma clínica alternativa, não é lugar aonde toda experiência nova vai ser colocada em execução.” (Trecho de Palestra de Divaldo Pereira Franco)


Observem que não se coloca em julgamento a utilidade destes tratamentos alternativos. Nem mesmo seu sucesso. Nem a idoneidade de quem os pratica. Apenas alertamos para que se deixe fora do Centro Espírita aquilo que não é Espiritismo.

No outro extremo, a ORTODOXIA restringe brutalmente qualquer passo adiante no conhecimento espírita. Por causa dessa declaração de Verdade, que é a qualidade do ortodoxo, não se aceita como obras e temas complementares, esclarecedores das informações da Codificação, nem mesmo o que provém de pessoas cujo tempo e atividade constante no Bem, provou idoneidade e seriedade absolutas, como por exemplo, Chico Xavier; porque nas obras básicas não se citou o nome “colônia” ou “umbral”, descartam-se sumariamente as informações de André Luiz ou Emmanuel; porque na Codificação não se falou de doação de órgãos, uma vez que a ciência médica ainda não havia se desenvolvido a tal ponto, recusa-se peremptoriamente a aceitar sua licitude.

Na ORTODOXIA, temos um conceito de que tudo aquilo que veio após Codificação Espírita, seja mera opinião, não importando a autoria, e como tal, não deve ser considerada. No MISTICISMO, tudo aquilo que veio após, pelas mãos de um médium e um espírito, é lícito.

Ponderemos! Não perdemos negando a possível veracidade de farto material manifestadamente idôneo que existe? Não defendemos a inserção das palavras “colônia” e “umbral” nas Obras Básicas, mas defendemos que se utilize as Obras Básicas para avaliar que se falou de muitas moradas, e entre elas estes dois estados podem estar inseridos – a diferença de nomes é mera forma para favorecer a compreensão.

Não perdemos absorvendo cegamente, sem critérios racionais, o que outras terapias espirituais utilizam, se contrariam os pilares do Espiritismo com ritos dos quais procuramos arduamente nos desapegar? Não perdemos aceitando informações que contrariam a lógica e a própria obra espírita, quando se fala de gravidez espiritual, por exemplo?

Obviamente tudo o que se disse aqui é opinião.
Mas o bom de ter opinião é que para isso foi preciso refletir!
Usemos a razão, não sejamos marionetes dos que ousam mais que nós.

Há muito se foi o tempo em que os detratores do Espiritismo, encarnados e desencarnados, faziam de tudo para nos afastar da doutrina. Hoje eles avançam para dentro das casas espíritas, vestem as camisas de trabalhadores e mentores, fazem-nos focar em novas terapias e ortodoxias, estimulam brigas por pensamentos diferentes, provocam exacerbado interesse pelo poder, alimentam vaidades e melindres, insuflam equívocos em forma de romances “água com açúcar”, enfim, agem em todas as frentes para que não façamos apenas o que é necessário: estudar para raciocinar, compreender para praticar ESPIRITISMO.

Fraternais abraços!
Vania Mugnato de Vasconcelos


Texto original postado no antigo Blog Espiritismo SEM Melindres, em 23/jan/2010.

6 comentários:

  1. Para um artigo que tenta ser sério, dizer que os ortodoxos restringem algo brutalmente é bastante indelicado e cientificamente questionável.
    Você diz que “Chico” “provou idoneidade e seriedade absolutas”. Não entendo como você pode comprovar isso. Pelas obras de caridade, é isso? Muitos fizeram mais do que ele, e isso não fez com que as pessoas seguissem cegamente o que eles dizem.
    A questão da ortodoxia é simples: a Codificação propõe um método, previsto na introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo (esse mesmo, que pseudoespíritas adoram ler apenas a parte que convém). Para esse método, um único médium, por mais que seja o seu super-Chico, não pode ser totalmente acreditado em tudo o que diz. Um único médium e um único espírito, isso é perigoso. Aqueles que apoiam o método (conhecido como CUEE) estão apenas sendo coerentes, e preferem não fingir que algo escrito por aquele SER HUMANO é coerente com a Codificação. Não existe brutalidade nisso, meu amigo, existe coerência. Codificação e Chico não conversam, e não é porque não fala de “umbral” ou “colônias”, é porque são coisas absolutamente contrárias.
    Por fim, pare de chamar a quem apoia a razão e a coerência da codificação de “ortodoxo”. Antes, chame quem toma “água-fluidificada” e faz “terapia de vidas passadas” por curiosidade de qualquer outra coisa, menos de espírita.

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    1. Jairo, bem vindo à minha página...
      Permita-me respondê-lo.

      1. meu artigo não "tenta" ser sério, é sério; pode não ter as "provas" que você desejaria, mas não vim provar nada, não pretendi trazer um artigo técnico nem científico de nada, compartilho pontos de vistas, e esse é o meu, a respeito.

      2. Chico provou idoneidade, e deve ser bastante ingênuo aquele que pensa que não. O que, óbvio, não obriga ninguém a acreditar nele, pois mesmo os idôneos podem equivocar-se. Porém, como deixei claro, minha opinião é que o roteiro de vida dele foi bastante útil para abrir nossa mente para o que não estava escrito com todas as letras.

      Creio que deve entender que as pessoas nomeiam tudo e que o rótulo "ortodoxo" não é afrontoso, uma vez que foi criado por alguém que assim se intitula. Não tenho que "parar" de falar o que penso como penso, da mesma forma que o amigo não parará de fazê-lo por sua vez.

      Então, não se sinta ofendido com o que não foi ofensa, você tem um ponto de vista que conheço de perto e não gosto para mim, conheço inclusive "ex-ortodoxos" porque estudaram e concluíram que o radicalismo mata tanto quanto o fanatismo.

      Agradeço seu ponto de vista e espero ter esclarecido o meu.

      Muita paz.




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  2. Jairo, existe um abismo entre julgar a moral de Francisco Cândido Xavier e julgar as obras psicografadas por ele.
    Sabe diferenciar?
    Nós sabemos.
    Chico, em nossa opinião, é um "personagem" ímpar, e seus exemplos "exemplificados", "vivenciados","aceitos" e amplamente divulgados, são de uma essência de bondade singular, isso você gostando ou não, concordando ou não. A opinião é sua companheiro.
    "A pessoa do Chico é incontestável", sobre suas obras... vou falar mais adiante.
    Gostamos de Chico, talvez, se fossemos de outra "crença", quem sabe Buda, Irmã Dulce.

    O Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos foi necessário, claro, Kardec não possuia mediunidade ostensiva, logo, tinha que arrumar um jeito coeso de não ser enganado, imagina, um pedagogo sem método de ensino...

    Fácil demais julgar quem abriu mão de qualquer lucro para benefício próprio... então essa incapacidade de ser como o Chico incomoda.

    Falando mais...
    Existe uma dicotomia enorme entre médiuns utilizados na Codificação e "médiuns (da atualidade) possivelmente treinados, 'desenvolvidos' e aflorados" através de um grupo separatista.
    Será que Kardec fundou um grupo de âmbito nacional e treinou seus médiuns?
    Claro que não, então porque não procurar médiuns espalhados pelo mundo, porque tentar aflorar mediunidade de gente do mesmo grupo?
    piada.

    Na opinião de vocês está tudo certo, Chico não é espírita, suas obras são como peso de papel,... mas esquecem que dentro de suas próprias residências, sentados em cima de suas próprias calças, existem problemas básicos à resolver. Mas não, preferem apontar para o outro, que já se resolveu como pessoa e esteve aqui, entre nós, e deu seu exemplo "exemplificado".
    Ora, não tem nada de teórico em amar o próximo como a si mesmo, e foi isso que o Chico fez. Lembra que Jesus anunciou o consolador prometido?
    É o mesmo Jesus que deu exemplo.

    Acho que nem Jesus o ortodoxo considera, pois o CUEE não fala nada deste Espírito, só que ele foi o mais elevado que esteve entre nós.

    Não queria tocar nesta tecla de Chico e tal porque já estou vacinado dessa história.
    Cansado de entender que em algumas obras Chico foi fascinado, e que em muitas outras a Feb editou suas psicografias a fim de tornar suas obras mais rentáveis.
    A Feb é uma instituição Roustainguista, todos sabem. Ela precisa de novidade para sobreviver, senão, como empresa, quebra.

    A questão básica que aprendemos na escola é compreender "pontos de vista isolados".
    Por mais que Chico tenha se utilizado de apenas um espírito enquanto psicografava, compreendemos que esta obra (ou aquela) é opinião isolada de "um espírito", assim como nossos livros de faculdade são pontos de vista de um autor, e por isso estão errados? Não.
    Se estão, podemos também ignorar o Evangelho Segundo o Espiritismo, e TUDO que nele contém, pois também sabemos que foram utilizados apenas dois espíritos nesta obra, o que não coaduna com a postura técnica cientificista utilizada no Livro dos Espíritos (método de Kardec), logo, Kardec teria publicado uma heresia, um paradoxo. Mas eis que o Sr Jairo nos surge com o escudo originário de apenas dois espíritos... o que pensar?

    Muito fácil dizer e/ou determinar o que é certo ou errado com um incauto, mas aqui não é o caso, Sr Jairo.
    Agradeço seus comentários, mas dispensamos argumentos falaciosos.
    Paz!

    Ass: Estudante da Doutrina Espírita

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    1. Sr. Anônimo,

      Pela sua postagem, você compreende a questão, mas não opta pela razão.
      O senhor se refere aos meus argumentos como falaciosos, e eu, por outro lado, não sei como classificar os teus, visto que não há a menor coerência nem o rigor acadêmemico que tenta aparentar.

      A Codificação apresenta um método. Parto da Codificiação como espírita, e apenas parto. Chico e sua trupe não se adequam a esse método. Não vejo como encaixá-lo no espiritismo.
      Essa é a lógica muito simples.

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    2. Meus caros não impliquem uma pessoa que sequer esta aqui para se defender em uma discussão boba apenas digo uma coisa a doutrina espirita existe porque ja podemos compreende-la Chico Xavier foi Allan Kardec de nossos tempos dinamizando a doutrina através da sua mediunidade e principalmente dando o exemplo de amor e dispeendimento. Quem não pode fazer melhor que ele não tem direito sequer de falar a respeito me descupem mais esta é a minha opinião, a doutrina é melhor compreendida por todos quando é exemplificada através dos atoa sorte dos que tem condições disto.

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  3. Opto pela mesma razão que me faz recordar sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo. Esta obra faz parte do pentateuco, a mesma obra que o Sr. cita no início de seu post, e o Sr. sabe que foram apenas dois espíritos... lembra?!

    Creio que falar sobre razão, ou até mesmo ciência, neste caso, possa ser um tiro no próprio pé. Rigor acadêmico eu utilizo em local apropriado. Não há como ser rigoroso quando se trata de pessoas, espíritos, seres inteligentes e que não estão a nossa disposição para provar algo em laboratório.
    o Sr. entendeu.

    Ótimo final de semana a todos!
    Paz!

    Ass: Estudante da Doutrina Espírita

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