10 de maio de 2010

A QUEM PERTENCE o muro?


Conta-se por ai que havia um grande muro separando dois grandes grupos.  De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais de Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os humanos que não servem a Deus. E em cima do muro havia um jovem indeciso, que havia sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo. O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:

- Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!".

 Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada. Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:

- O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles. Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?

 Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:
- Ora, para que chamá-lo se o muro é meu?.

(Autor Desconhecido)

Esta pequena alegoria de origem nitidamente religiosa, nos motiva a interessantes reflexões. Nós, espíritas, sabemos que Satanás só existe enquanto personificação representativa do Mal, uma vez que Deus jamais criaria seres “perfeitos” mas que eram imperfeitos a ponto de involuirem do Bem para o Mal.

Partindo desta pequena ressalva, podemos nos perguntar porque o muro pertence ao Mal? O que simboliza o muro? Fácil é perceber que o muro representa a posição neutra e confortável daquele que nada faz, que não escolhe lado, que opta pela omissão, pela inatividade, acha que não fazer o mal é um bem, ledo engano pois ainda que não se faça o mal, quem está sobre o muro também não faz o bem, e quem não faz o bem ajuda o mal a disseminar-se.

As pessoas estão cada vez mais perdidas em seus valores fundamentais. Há completa inversão da noção do certo e do errado, uma tendência maior a querer satisfazer as opiniões da sociedade em detrimento da própria consciência. Opta-se mais pela fama, pela aparência, pela riqueza, pelo poder, do que pela moral ilibada e uma ética incoercível. A Terra, porém, em seu processo de evolução para mundo de Regeneração, não mais comporta omissões, exige-nos a tomada de decisão, já não há mais muro para sentar e assistir de camarote o que acontece.

Na obra O Céu e o Inferno, livro básico da Codificação Espírita, os Espíritos explicam o Código Penal da Vida Futura. Vejamos seu item 6º, que diz:

"O bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre".

Somos, portanto, responsáveis pelo Bem que fazemos, pelo Mal que fazemos, e pelo Mal que decorre do Bem que não fizemos mas poderíamos ter feito.

Não é de uma perspicácia e bondade divinas incrível!? Deus dá-nos méritos por todo o Bem que fazemos! E a Lei de Ação e Reação, a mesma que premia os esforços individuais, é a que se torna nossa educadora quanto às imperfeições que carregamos, a partir do momento em que nossos atos prejudicam o próximo, direta ou indiretamente.

Quando falamos sobre a contradição de permanecer em cima do muro da omissão, criticando quem faz o mal, criticando quem erra procurando acertar, é porque a inatividade, o comodismo, a reclamação contumaz são armas das trevas, instrumentos de espíritos atrasados moralmente, encarnados ou não, a quem convém fazer estagnar no ócio e no prazer destrutivo de regozijar-se com o erro alheio.

Somos espíritas, somos cristãos, sabemos que é impossível amar sentados, de mãos ociosas, assistindo como fosse obra de ficção, a quem sofre ao nosso lado. Pois bem, desçamos logo do muro, antes que a dor, educadora da alma rebelde, nos alcance.


Fraternais abraços!
Vania Mugnato de Vasconcelos


12 comentários:

  1. Olá Vania, li o texto sobre o "Muro". Não conhecia essa fábula. Parabéns pelo novo blog. Abraço. Edison

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  2. Ha alguns dias ouvi essa fábula na Radio Boa Nova e desde então tenho pensado muito nela. Eu acho que a maior parte do tempo, nas diversas ocasiões de nossa vida, nós ficamos mesmo em cima do muro, não querendo fazer o mal, mas não tendo coragem para fazer o bem e esquecendo de que não existe uma posição neutra, ou optamos pelo bem ou estaremos automaticamente ligados ao mal. Na realidade somos ainda muito fracos em nossas convicções, não somos capazes de descer do muro. Eu sempre imagino a mão de Jesus se oferecendo para me ajudar e esta certeza me dá mais coragem e mais clareza em minhas decisões. Mas, sei que ainda há muito o que caminhar e meus passos são muito lentos.Que Deus nos abençoe a todos!

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  3. Muito interessante!
    Parabéns pelo novo blog.
    Bjs,
    paulo de tarso.

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  4. Vania, belíssima msg e explanação.
    Chegou num momento propício.
    Me senti, a própria pessoa, em cima do muro.
    Oh! Meu Deus!!!
    Grata pela oportunidade de reflexão.
    Abraço forte

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  5. Hola, com certeza todo o mal que for decorrente do bem que não fizemos ao nosso próximo, um dia teremos que prestar contas. Da mesma forma ficaremos felizes com nossas ações quando gerarem o BEM a esse próximo. Como eu sei que você gosta de sorvete e isso lhe faz BEM, portanto não quero prestar contas pela minha omissão, sendo assim eu pergunto: "Você quer que lhe pague um sorvete?" rs . Bjs. PC

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  6. Hola, com certeza todo o mal que for decorrente do bem que não fizemos ao nosso próximo, um dia teremos que prestar contas. Da mesma forma ficaremos felizes com nossas ações quando gerarem o BEM a esse próximo. Como eu sei que você gosta de sorvete e isso lhe faz BEM, portanto não quero prestar contas pela minha omissão, sendo assim eu pergunto: "Você quer que lhe pague um sorvete?" rs . Bjs. PC

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  7. Vania, parabéns pelo novo blog. Querida, onde quer que se vá tem um monte de muros tentadores. Está difícil viver em um mundo repleto de maldades. Belíssima alegoria e excelente coluna a sua que mais uma vez me fez refletir.
    Beijocas
    Yvonne

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  8. Olá Vânia!
    Gostei do blog e concordo com que é vero, que cada vez mais as pessoas preferem se calar, se omitir diante de certas situações que são importantes um posicionamento.
    Um grande abraço
    Precilia

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  9. Querida amiga,
    Vejo uma bela reflexão sobre a omissão, a falta de atitude, o comodismo... Parabéns pelo texto e obrigada pela lição que ele traz.

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  10. Prezada Vania.

    Acabo de ler seu texto. Muito bom. Excelente destaque em meio às incríveis tolices que andam escrevendo por aí. De repente, lembrei-me da agonia de quem vai desencarnar, vai ser fuzilado e entra em crise existencial, não porque está em cima do muro, mas numa horrível prisão murada de incertezas. Se Sartre conhecesse a doutrina espírita, estou certo de que daria sentido bem maior ao tema e enredo de Le Mur...

    Abraço cordial.
    LUCIANO DOS ANJOS

    * * *

    OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este comentário de Luciano dos Anjos foi realizado via email, por ser procedimento do amigo não comentar em Blogs. Trouxe sua contribuição do particular para o público por achar construtiva, aliás, como tudo o que ele diz. Grata caro Luciano!

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  11. Não sei se você já ouviu falar do espírito Leocádio José Correia. Nesta postagem vc abordou algo que ele comenta muito. A importância da deciaão e da ação espírita.


    De que o espírita precisa tomar decisões, que não pode ficar em cima do muro para sempre. E que somente pela ação as coisas se desenvolvem.

    Abraços,
    Flávia Zanforlim

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  12. Adorei sua interpretação, Vânia.
    Beijos.

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